15/01/2022 - Taxa de Juros
A taxa de juros norte-americana tem sido tema recorrente no noticiário econômico e, certamente, você deve estar se perguntando como isso afeta os seus investimentos.
A economia dos Estados Unidos sempre impacta fortemente o comportamento dos mercados no mundo inteiro, e, aqui no Brasil, esse impacto tende a ser ainda maior, principalmente neste ano que já sabemos que será de grande volatilidade por influência de fatores macroeconômicos internos.
O que está ocorrendo é que, mesmo em um cenário de alta da inflação, o consumo interno norte-americano não está desacelerando. Em dezembro de 2021, a inflação acumulada de 12 meses nos Estados Unidos foi de 7%, o mais alto percentual desde 1982, ficando cinco pontos percentuais acima da meta do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA.
O fato é que a inflação norte-americana vem subindo há vários meses, pressionada pela alta de preços ao consumidor. Essa alta é reflexo direto da pandemia, que impôs fortes restrições à cadeia de suprimentos e, por outro lado, obrigou o Fed a adotar medidas emergenciais como o corte da taxa de juros e a injeção de quase US$ 2 trilhões na economia.
As medidas que evitaram o colapso são também as responsáveis pela inflação mais alta que os Estados Unidos teve nos últimos 40 anos e que ocupará as pautas das reuniões do Fed em 2022.
Com isso, analistas do Citibank, JP Morgan e Goldman Sachs já atualizaram suas projeções de juros futuros. A expectativa do mercado é que, ao longo de 2022, o banco central dos EUA suba a taxa de juros em 0,25 ponto percentual três ou quatro vezes, chegando ao final do ano com 1% de aumento.
O impacto na nossa economia
Em momentos de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, o movimento de aversão ao risco acontece também por aqui. Ou seja, o dinheiro do investidor internacional sai da Bolsa de Valores brasileira e volta para os EUA. Com isso, temos quedas na Bolsa e dólar valorizado frente ao real.
Se esse fluxo se torna muito intenso, o país também precisa aumentar sua taxa de juros para conter a sangria migratória e reter investimentos no país.
Tal medida já é tida como certa pelo mercado, vide o Boletim Focus desta semana, em que a projeção da taxa Selic para o final de 2022 subiu para 11,75%, ficando 0,25 acima da projeção anterior.
Manter os títulos de dívida pública brasileira atrativos aos investidores estrangeiros, bem como impedir que a nossa moeda se desvalorize demais e a inflação dispare, é um dos grandes desafios da equipe econômica do governo para 2022.
O cenário é complexo. O Banco Central divulgou esta semana a carta aberta enviada pelo seu presidente, Roberto Campos Neto, ao ministro Paulo Guedes, em que, além das explicações quanto às causas do descumprimento da meta de inflação em 2021, foram apresentadas também as providências para controle da inflação e retorno à meta em 2022.
No documento, o Banco Central reafirmou sua intenção de continuar calibrando a taxa Selic e previu que as medidas que vêm sendo tomadas comecem a surtir efeito ainda no início de 2022.
O BC ressalta, porém, que em 2022 a inflação continuará superior à meta, mas dentro do intervalo de tolerância.
Fonte: www.forbes.com.br